Os gregos consideravam os bárbaros “por natureza” incapazes de cultura e de atividade livre e, em conseqüência, “escravos por natureza”. Até Aristóteles, como vimos, teorizou na Política essa convicção. Alexandre, ao contrário, tentou, não sem sucesso, a gigantesca empresa da assimilação dos bárbaros vencidos e de sua equiparação com os gregos. Instruiu milhares de jovens bárbaros com base nos cânones da cultura grega e fê-los prepararem-se na arte da guerra com técnica grega (331 a.C.). Ordenou, ademais, que soldados e oficiais macedônios desposassem mulheres persas (324 a.C.).
Também o preconceito de escravidão viu-se contestado por filósofos, pelo menos ao nível teórico. Epicuro não só trataria familiarmente com os escravos como também os desejaria como participantes do seu ensinamento. Os estóicos ensinariam que a verdadeira escravidão é a da ignorância e que à liberdade do saber podem aceder, quer o escravo, quer o seu senhor — e a história do estoicismo iria terminar de modo emblemático com as duas grandes figuras de Epiteto e de Marco Aurélio, vim escravo liberto e outro imperador.