Para Aristóteles, a segunda ciência teorética é a física ou “filosofia segunda”, que tem por objeto de investigação a substância sensível (que é segunda em relação à substância supra-sensível, que é “primeira”), intrinsecamentecaracterizada pelo movimento, assim como a metafísica tinha por objeto a substância imóvel. Na verdade, o leitor moderno pode ser levado a engano pela palavra “física”. Para nós, com efeito, a física se identifica com a ciência da natureza entendida no sentido de Galileu, vale dizer, entendida quantitativamente. Já para Aristóteles, a física é a ciência das formas e das essências; comparada com a física moderna, a de Aristóteles, mais do que uma ciência, revela-se uma ontologia ou metafísica do sensível.
Assim, não deve ser motivo de surpresa o fato de, nos livros da Física, se encontrar abundantes considerações de caráter metafísico, já qtie os âmbitos das duas ciências são estruturalmente intercomunicantes: o supra-sensível é causa e razão do sensível e no supra-sensível conclui tanto a investigação metafísica quanto a própria investigação física (embora em sentido diverso). Ademais, o método de estudo aplicado às duas ciências também é idêntico ou, pelo menos, afim.